KUDURO – um estilo
muito Mangolé
por Eddie Valmont*
Independentemente
de ser a velha ou a nova escola, o Kuduro é de longe o estilo musical que mais
danças e toques criou, copiou, evoluir, e/ou mudificou em Angola. A dança –
elemento muito importante na música – desde cedo acompanhou este estilo. Termos
como Açucar, Jaracusa, Mbruntutu, Ndomboló, Mana Me Abre, Xcabelé Belé, e
Ladjum são apenas alguns exemplos de danças que acompanharam o estilo, e não vamos
esquecer que o próprio nome Kuduro, antes de música era uma dança, sendo esta a
dança que deu o nome a música. Hoje e como dantes é quase impossivel separar o
Kuduro música do Kuduro dança.
Então o que é o Kuduro?
O Kuduro
é um estilo de música popular electrónica com um instrumental caracterizado em
beats (batidas) fortes e rítmicas, acompanhado com uma voz muito singular que
pode tanto simplesmente ser uma fala, também conhecidas por noias ou dicas,
como um canto com ou sem rimas. Música dançante e contagiante e de origem
angolana, vem, desde há já algum tempo para cá, sendo um dos estilos mais
ouvidos na playlist favorita pública, tanto em casa,
como em festas, raves e discotecas.
Como surgiu?
Podemos
em poucas palavras dizer que o Kuduro surge sobre a influência do Tecno e Pop
norte americano dos anos 80s e princípio dos anos 90s. Estes dois últimos
estilos e mais um pouco do Semba e do Cazucuta (ambos estilos musicais
angolanos) acabaram por criar um estilo essencialmente electrónico e dançante.
E os seus percursores?
Nomes
como Tony Amado, Sebem, Queima Bilhas, Rei Tá Nice e Semal podem agora não ser
muito ouvidos e/ou falados, mas a verdade é que foram eles quem fizeram a
existência do Kuduro como música. Em particular os toques de dança do Tony
Amado e as noias/dicas do Sebem (ainda hoje se descute quem, dentre os dois,
realmente inventou o Kuduro, assunto que o Múzika Café não vai responder neste
artigo) foram como que a carne e o osso para que o Kuduro podesse afirmar-se
como música e dança num ambiente em que o Pop, o Tecno, o Zouk, a Kizomba e o
Hip Hop dominavam os ouvidos do público e enchiam as pistas de dança.
Como está o Kuduro hoje?
Ao longo
do percurso do Kuduro houve muitos cantores e alguns deles cantaram ou cantam
de uma forma peculiar/singular que acabou por influenciar outros cantores (de
Kuduro e não só). Partindo deste princípio, o ritmo de Kuduro que o Tony Amado
cantava não era igual ao do Sebem da mesma forma que o ritmo do Bruno M não é
igual ao dos Lambas. Sendo assim, o Múzika Café decidiu devidir os kuduristas
(fazedores do estilo Kuduro) em gerações.
·
A 1ª
Geração cantou um Kuduro basicamente em noias onde nota-se constantemente a
ausência de rimas.
·
A 2ª
Geração, já um pouco sob a influência do Hip Hop, usou rimas, diminuiu as noias
e criou um beat ligeiramente mais acentuado que a geração anterior.
·
A 3ª
Geração, que é a que vivemos hoje, é muito mais rica em rimas. As noias (Kuduro
clássico) ainda continuam, embora haja cada vez mais Kuduros cantados do que os
simplemente falados.
Nota: recentemente vivemos uma nova vibe /vaib/ (onda)
onde o Kuduro parece ter convergido com o Rap e o House Music ou vice-verça ou
verça-vice e temos (nada oficial, repido, nada oficial) algo como um novo ritmo
de Kuduro com beats parecido ao House com um canto um tanto quanto Rap a que o
Múzika Café tomou a liberdade de chamar a este novo estilo Karga Music. Cantores como Big Nelo, JD, Mister K, Game Walla,
Francis Boyz, etc parecem estar a cantar uma nova forma de Kuduro – o Karga
Music. Quem sabe, talvez, daqui a algum tempo teremos uma 4ª Geração de Kuduro
denominada Karga Music.
*Licenciado em Linguística,
Escritor e Designer Gáfico